sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Querido Julho



Capitulo dez.
O mundo estava agitado ao redor dele, as pessoas andavam desesperadas com a notícia repentina, procuravam uma resposta para isso, uma resposta verdadeira. E ela estava ali, no meio daquela multidão enlouquecida, ele estava ali.
E parecia que a cada pessoa desesperada que ele via, lhe acrescentava mais excitação.
O sorriso sádico de um caçador sedento se formava ali no seus lábios grossos e bonitos.
Mas, o sorriso logo sumiu ao chegar no local do acerto de contas.
Uma mulher alta, de cabelos longos loiros, estava sentada à espera dele. Ela estava vestida com um vestido preto, e tinha uns olhos castanhos lindos.
E ele admirou aquela beleza por alguns segundos, até lembrar- se do que fora fazer ali.
Parou em frente à ela, e ela levantou-se, era alta, mas não chegava a ser do tamanho dele. Ela sorriu.
- você é bom nisso. – elogiou-o. – já pode tirar o capuz.
Ele sorriu, mas não era um sorriso bom. E então ela hesitou.
Ele tirou o capuz e a olhou.
Ela ficou perplexa, talvez surpresa, talvez até admirada, talvez até temerosa. Ela não sabia, estava até confusa demais.
Ele era lindo, bem, de certa forma. Senão fosse pelo olhar vazio.
Tinha cabelos pretos, olhos castanhos, e quando digo castanhos, digo castanhos mesmo


E um corpo atlético. Chegava a ser sedutor, mas parecia nem ter chegado aos vinte e um anos. Devia ser apenas um jovem. Um jovem de um olhar ameaçador, e um sorriso pior ainda.
- meu Deus, você já passou dos vinte anos? – ela perguntou perplexa, até tentou disfarçar a surpresa, mas essa era maior que ela.
Ele não respondeu.
E ela insistiu:
- eu esperava alguém de uns trinta anos, mas olhe para você, tão novo... – estendeu a mão para pegar no rosto dele, e ele olhou a mão se aproximar.
- é melhor não fazer isso. – ameaçou ele.
Ela recuou a mão.
Piscou duas vezes para voltar a realidade.
Pigarreou algumas vezes e disse:
- Aqui está seu dinheiro, obrigada.
Ele pegou o dinheiro, e colocou novamente o capuz.
E virou-se para ir quando a mulher o chamou mais uma vez.
Virou-se para ela.
- posso ao menos saber seu nome? – ela perguntou, cautelosa.
Ele sorriu, um sorriso de deboche.
- não deveria se preocupar com isso. – disse.
E ela sabia, ele havia deixado algo no ar.
E então ele continuou andando.
E ela ficou observando-o andar, parecia apenas um rapaz qualquer, se alguém soubesse... Ah, se alguém soubesse quem era aquele rapaz. Iria temer encontra-lo em qualquer lugar.
Em qualquer lugar.
 

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